Antes de começar tenho de alertar que isto é um post extenso e chato sobre cabelo, única e exclusivamente sobre cabelo. Será ainda complementado com inúmeras ilustrações de péssima qualidade, algumas bastantes desnecessárias, mas que me ajudarão na narrativa, creio eu, então vamos lá.
Já andava há imenso tempo para cortar o cabelo, mas cada vez que me decidia a fazê-lo, surgia algum género de impedimento que eu interpretava estupidamente como sinal divino. Ou seja, ou calhava na segunda-feira e todas as cabeleireiras estavam fechadas; ou estava muita gente à espera (detesto esperar); ou só atendiam com marcação; ou não me pareciam de confiança, aliás uma vez entrei numa cabeleireira com um aspecto milenar que estava a acabar de arranjar o cabelo de uma moça e lhe perguntou “Quer que lhe faça a risca em ziguezague?”, e eu pensei “Meu Deus, Ana, foge rápido!”
Adiante, a realidade é que sou severamente traumatizada com cortes de cabelo, lembram-se quando na Casa dos Segredos cortaram o cabelo à Teresa e ela chorou desalmadamente, enquanto dizia “Ai que eu vou desmaiar” e toda a gente achou aquilo completamente desproporcional à situação? Lembram?
Eu entendi-a.
Uma vez expliquei a uma cabeleireira louca que queria o cabelo maior atrás do que à frente, uma coisa normal, escadeado, e a louca começou a cortar embrenhada no trabalho e eu ia dizendo “Olhe que está a cortar demais” e ela respondia de forma bruta; “EU SEI FAZER O MEU TRABALHO!”. Quando saí de lá tinha o cabelo cortado em V sendo que atrás estava curto à rapaz, com uns bicos assim estranhos rapados e à frente as pontas batiam na cintura. Quando cheguei a casa chorei bastante, imenso, mais tempo do que me orgulho…
Vários episódios destes se repetiram.
Então decidi pelo mais simples: Deixar o cabelo crescer.
Ia de vez em quanto cortar umas pontas e não me chateava muito com isto, claro que os percalços ocorrem em todo o lado, como quando me cortaram a franja à Tino de Rans, houve acontecimentos bem piores, que na altura não fotografei mas a minha lógica é que o cabelo grande seria mais difícil de desgraçar e evitaria ir ao cabeleireiro frequentemente o que para mim era uma alegria, porque por um lado eu detesto cortar o cabelo e por outros aproveitaria o dinheiro do cabeleireiro para outras coisas bem mais válidas e interessantes. The best of both words basicamente, mas claro havia um “se não” muito grande nisto do cabelo comprido que era o Tempo.
O cabelo comprido exige cuidados que o curto não exige, então eu habituada a acordar 30 minutos antes de sair de casa, a tomar banho, a vestir as primeiras calças do armário com a primeira camisola (compro sempre roupa sem padrão e que seja facilmente combinável ali na hora para não perder tempo) que me vinha à mão, e ainda tinha tempo para tomar o pequeno-almoço, dava por mim nos últimos tempos a ter de acordar 1 hora antes. Isto porque tinha de lavar o cabelo, espetar-lhe meio litro de amaciador, se me acabasse o amaciador ele ficava assim:

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Depois tinha de secá-lo ligeiramente, meter-lhe um protector de calor, esperar que o protector secasse e depois encaracolar o cabelo de modo a que ele ficasse mais ou menos assim:
Havia dias em que o esticava, mas ficava a parecer a Morticia Addams, por isso eram raros.
Outros que optava por fazer tranças assim:
Contudo a minha família e amigos focavam constantemente o facto de parecer uma colegial badalhoca/ Heidi/ Saída de um qualquer filme antigo (…) eu própria também não apreciava por aí além.
Tudo isto me dava trabalho e eu detesto ter trabalho ou me atrasar por causa de uma coisa estúpida então decidi cortar o cabelo.
Há dias numa das minhas incursões cibernéticas descobri um site giro que sei lá que é o
Little Princess Trust (ide lá ver ide) em que eles incentivam quem corte o cabelo a doar para fazerem cabeleiras para crianças que perderam cabelo derivado aos tratamentos para combater o cancro e pareceu-me válido doar o meu cabelo. Claro que para isso teria de cortar no mínimo 17 centímetros de cabelo e para quem tem o cabelo gigante cortar tanto pode ser traumático tanto mais que da última vez que cortei o cabelo tão curto fiquei parecida com o Mr. Spock, porque as minhas orelhas são esquisitas mas a causa era tão bonita que lá me decidi.
A minha mãe disse-me para eu ir à Gi que é uma cabeleireira de bairro que trabalha em casa só com marcação e eu pensei logo que se ela me desgraçasse eu a denunciaria às autoridades competentes, aliás quando entrei ela estava a dizer a uma mulher algo como: “Hoje estou tão nervosa que já tomei 3 Victans” e eu pensei, bem fudeu… mas afinal acho que não!
I Feel Free!
E isto foi um post extenso sobre o meu cabelo.