domingo, junho 24

once upon a time

Era uma vez uma princesa que vivia trancada num castelo de um reino muito, muito distante. Corriam rumores que esta era muito bela, que tinha um longo cabelo cintilante e olhos que conseguiam hipnotizar qualquer homem.

Com o passar dos anos os pais da princesa começaram a ficar preocupados, porque estava na idade da sua filha casar mas esta não se decidia por um pretendente a quem entregar o seu coração. Como os rumores da sua beleza se espalharam por todo o continente, príncipes de outros reinos começaram a enviar os presentes mais excêntricos na esperança de conseguir conquistar a bela princesa.
Ela rejeitava todos eles.

Os seus pais tentavam ser pacientes, mas um dia o pai perguntou-lhe se ela não temia comprometer-se.
Ela respondeu que não, que como princesa era igualmente amada e temida por todos no seu reino, uma vez que tinha controlo sobre todas as terras e trabalhadores e que poderia fazer tudo o que queria, juntando:

"Se tivesses nas tuas mãos todo o poder e liberdade que quisesses, porque é que escolherias entregar tudo isso a um homem que nem conheces?"

Os pais não tinham resposta para a pergunta da princesa, regressando desolados todas as noites aos seus aposentos, onde mais os seus magistrados avaliavam os inúmeros dons que tinham recebido dos pretendentes da filha.

Certo dia quando voltava ao seu quarto, a princesa deparou-se com uma pequena gaiola na sua mesa-de-cabeceira, esta continha uma bonita pomba branca no seu interior. A pomba arrulhou com tristeza, aborrecida pela sua gaiola desconfortável. Amarrada à sua pata estava uma pequena nota.
A princesa abriu a gaiola e tirou a mensagem.

"Querida princesa,
Não sou um príncipe, não tenho nenhum reino, nem terras, não possuo nada de valor, a não ser o meu coração. Se o encontrares dentro de ti própria, liberta esta pomba, irás igualmente descobrir porque decidi oferecer-te a única coisa que possuo no mundo"

A Princesa decidiu naquele momento que she don’t roll with no broke niggas , pegou fogo à pomba viva e depois casou com o príncipe mais rico que conseguiu arranjar.

The End

segunda-feira, junho 18

Faz o bem, não olhes a quem

Uma das maiores tretas que nos contaram na infância prende-se nas compensações das boas acções.
Não sei porquê, mas sempre que penso em boas acções vem-me à cabeça a imagem de um escuteiro a ajudar uma velhinha a atravessar a estrada, e quando chega do outro lado a velhinha enche-o de bengaladas, porque não queria atravessar e acabou de perder o autocarro por causa do escuteiro.

As coisas a mim correm-me mais ou menos da mesma forma.
Embora não seja uma pessoa naturalmente bondosa e adepta do “bom samaritanismo”, por vezes, por loucura ou pura estupidez, lá me dá para fazer alguma coisa que no meu ver tem por objectivo ajudar, mas que acaba por emputecer o próximo de maneiras nunca antes vistas.

 Exemplo 1

Uma pessoa com um péssimo gosto musical pede-me para lhe fazer uma playlist com músicas boas, eu por estupidez aceito.
Chego a casa, abro as pastas de músicas e basicamente tiro as minhas favoritas para uma pasta, sem pensar sequer nas musicas. Abro a pasta de The Strokes, tiro as que gosto mais, Bob Dylan, The Clash, Sex Pistols (…)

Envio-lhe a playlist.
Passado alguns dias, ele vem com uma história qualquer psicopata que a playlist estava cheia de duplos significados, a perguntar se eu estava apaixonada por ele?

Quando obviamente (depois de dizer “wtf” 15 vezes) digo que não, que tinha feito a playlist até sem tomar grande atenção naquilo.
Ele diz que estou a mentir e que se há coisa que não suporta é a mentira, refere partes das lyrics das músicas tipo “ Está aqui do No Feelings dos Sex Pistols, quer dizer que tens sentimentos por mim não é?”; “ Esta da Regina Spektor Us ou a Glass do Julian Casablancas, estás tão caídinha”.

Pergunto-lhe se tinha deixado a medicação ou se andava a meter supositórios sem lhes tirar a prata primeiro... ele passa-se tem um chilique e deixa de me falar.

Exemplo 2

Era vizinha de uma rapariga da minha turma do secundário, tomando conhecimento disto a mãe dela, planeando uma festa surpresa, pede a minha ajuda para a organização e envio de convites, etc, eu num acto de estupidez cega novamente, aceito.
Tenho uma carga de trabalhos para uma pessoa que mal conhecia.

Passado alguns dias a rapariga vem confrontar-me a dizer que eu andava a falar mal dela nas costas, que andava a virar as pessoas contra ela nos cochichos, que ela já tinha compreendido que género de pessoa era eu e… bate-me.

Por isso minha gente, eu sou uma péssima pessoa e não faço boas acções, não mesmo. Não tenho interesse nisso.

Querem promover uma página? Não recorram a mim.
Querem ajuda para algo? Também não.

E não vale a pena virem com o “ahh mas não podes desmotivar se todas essas 489879 vezes que tentaste ser simpática sem pedir nada em troca não resultaram”, porque para mim acabaram as boas acções.

A não ser para animaizinhos. Eu já vos disse que quero uma foca?

sexta-feira, junho 8

O maior desgosto da minha vida

Entro na sala, estava a minha mãe a ver televisão. Um documentário num Cine qualquer, constato ser um documentário sobre o Justin Bieber, confronto-a em choque:

- Mãe, o que estás a ver?

Ela não nega de imediato afirmando insanidade temporária, ou que tinha adormecido e nem tinha reparado no que estava a dar.

- Estou a ver um documentário sobre este rapazito cantor, o Bieber!

Tive uma pequena síncope. Pergunto novamente, não fosse o caso de ter ouvido mal à primeira

- Estás a ver o quê?

- O Justin Bieber, coitado do rapazinho, tanto concerto que ele dá seguido, olha para ele estoirado sem voz o pobrezinho, fiquei fã dele.

Havia certeza nas frases dela, fiquei baralhada.

- HAM?

- O rapaz dá espectáculo em palco sabes, gosto muito de ver estes documentários, foi através de um destes que também fiquei fã da Lady Gaga, ah e já me esquecia, uma destas digressões que adorei mesmo foi a da Celine Dion...

Não consegui ouvir mais, as lágrimas caiam-me, tranquei-me no quarto e fechei as persianas.
Passarei, o quanto antes, naquela cena onde se fazem os Cartões do Cidadão para me tornar filha de mãe incógnita.