terça-feira, agosto 30
The Catcher in the Rye
Cada vez mais, chego à conclusão de que aquilo que os outros acham fascinante, a mim nunca me fascina.
Há algum tempo atrás, andava a fazer uma colectânea de livros que as pessoas tivessem lido e achado muito bons. Daqueles que é imperativo lermos pelo menos uma vez na vida. Nesta altura, o livro The Catcher in the Rye, Uma agulha no Palheiro em Português, veio em conversa umas 6 vezes, sempre com pessoas diferentes.
Fiz uma pesquisa de cinco minutos no Google para ver mais ou menos a história e como só li críticas positivas, decidi ler o livro.
Com a graça do senhor fui buscá-lo a biblioteca e não o comprei, mas o curioso é que assim que o pedi o ao homenzinho lá da biblioteca ele me diz: “Ah este livro é fascinante”. O que me fez pensar que levava dentro da mala a obra-prima da literatura de certeza. Não demorei muito a constatar que estava redondamente enganada.
Primeiro, o livro começa do nada e chega a lugar algum.
Depois, se querem um resumo rápido, relata a história de um adolescente idiota, prepotente e muito deprimido que é expulso do colégio chique onde andava, por ser um mentecapto, e depois não tem coragem para contar aos pais.
Naquelas primeiras páginas até que sentimos uma certa pena, mas é coisa que se desvanece-se em um milésimo de segundo quando compreendemos que ao invés de tentar corrigir os seus próprios defeitos e tentar melhorar a situação de estar entalado em merda até ao pescoço, ele leva do princípio ao fim a criticar e julgar toda a gente que conhece, inclusive pessoas que ele conhece há 5 segundos. É o colega de quarto que é feio e tem borbulhas, é o outro que é todo atlético mas depois não tem nada dentro da cabeça, é a rapariga que ele convida para sair que é uma atrasada mental, é a outra que ele convida para dançar, que embora dance bem ele topa logo a milhas que ela é estúpida que nem uma porta, and so on.
E o que me causou ainda maior espanto, foi o facto de ler em 500 sítios diferentes, que o livro retratava fielmente a confusão que se sente quando somos jovens, a necessidade que temos em expor os nosso problemas e não encontrar com quem o fazer e mimimi, a realidade é que ele passa os primeiros quê, 8 capítulos a tentar encontrar alguém com quem falar, até paga a uma prostituta para conversar com ela e ela não quer.
Mas porra, é difícil de facto encontrar alguém que nos ature se acharmos que toda a gente é inferior a nós por qualquer motivo e isto é difícil em qualquer altura da nossa vida, não é só na juventude.
Enfim, definitivamente que não recomendo a ninguém, a minha opinião pode ser "impopular" e posso não conseguir ver para lá da magnificência das metáforas, ou o caralho, mas a realidade é que nem vejo porque é que andam em Hollywood há tantos anos a tentar conseguir os direitos para fazer um filme do livro. Em geral os filmes são sempre piores que os livros e neste caso o livro já era uma porcaria mesmo!
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27 comentários:
O que acho é que o que mais se tem por ai é gente a criticar o outro, mal conhece e é só lasca. Difícil encontrar alguém aberto e disposto a conhecer o outro sem meter o malho.
Quanto a livros que viraram filmes tens toda razão, acabam por ser piores.
também não achei piada nenhuma ao livro
Esse livro faz-me lembrar o resumo que o Chris Griffin fez:
"It's about a catcher in the rye."
Mas olha que esse é um péssimo resumo. Porque não tem nada a ver, aliás o livro não tem nada a ver com nada e ... porque e que estou a falar contigo em 40 sítios diferentes?
Somos como Deus. Omnipresentes.
"Amen, sistah'!"
Já escrevi lá no blog sobre esse livro e realmente o livro não faz nenhum sentido.Dito isto tenho que falar que é um dos meus livros preferidos.Ele tem alguma coisa que ainda não consegui explicar.Talvez a melancolia.Não sei.
nunca li esse e pelo que falas também não quero ler.
é por estas e por outras que não leio um livro há anos.
Segundo as críticas que o livro teve na amazon, a opinião de não gostar não é tão impopular assim. Não o li, mas de facto tendo a torcer o nariz a livros que toda a gente diz que são muito bons e que insistem muito para que eu deva ler. Vou lá sempre e normalmente apenas pelo interesse que o resumo me suscitar. Boa sorte para a próxima aventura literária ;)
És das primeiras pessoas que ouço com opinião igual à minha....
O livro não vale um alho...
E eu fui burra ao ponto de o comprar!!
Huahua. Não li esse livro ainda. E ao que me parece, nem vou ler. E eu já decidiria isso antes de ler sua crítica...
sinto-me inculta porque nem sequer ouvi falar desse livro :c
Dear Miss Murder,
Acompanho o teu blog há coisa de um mês e apesar de ainda nãe ter mexido um dedo para comentar os teus posts, acredita que gosto bastante do que escreves - god damn, eu até me identifico! tu falas sem papas na língua das coisas que eu penso, mas que sou demasiado medricas de expôr (consequência quase irreversível da educação "se-os-outros-se-atirarem-da-ponte-tu-também-o-deves-fazer" que a minha mãe me deu.
Mas hoje, decidi comentar neste assunto do catcher in the rye, pois foi um dos livros que estudei na faculdade. Eu percebo as reacções mistas que o livro do salinger recebe. Acredita, eu também as tenho. Mas depois de estudar a obra ao mais infimo detalhe, acabas por perceber como esta é incrível. Basta pensares que o Holden Caulfield é como o Peter Pan (not so much fun as peter, but well..)e que está naquela idade em que supostamente tem de se tornar um adulto responsável, mas algo no seu interior recusa-se. Daí ele não conseguir manter relaçoes com pessoas de idade igual ele ou mais velhas, falhar nas situações do mundo adulto (encontro com a prostituta, escola, relaçoes amorosas)e ter uma obsessão com locais onde o tempo se encontra congelado: o museu e as múmias, os patos dos lagos congelados, etc.Também tal com o Peter Pan que caiu do carrinho e foi-se afastando dos pais, também o Caulfield tem uma relação deteorada com os pais, muito provavelmente porque eles querem que ele cresça e seja mais adulto.
Think about it.
E agora tu estás: "mas esta gaja acha-se expert no assunto?!"; por isso vou parar por aqui para não te maçar mais e agravar a minha imagem de bookworm.
Mais uma vez: excelente Blog! fico contente por ter tropeçado nele.
Acho que o meu subconciente se lembra de já ter ouvido falar desse título, mas nunca li o livro. Pela tua descrição, não me parece que vá lê-lo. A não ser que um dia tenha uma cisma tão grande como a que estou a enfrentar actualmente e que me leva a não desistir de ler os Maias. Não é que esteja a desgostar muito, só não consigo lê-lo à noite.
Helena disse...
é por estas e por outras que não leio um livro há anos.
lol isto devia ganhar um prémio para comentário mais inteligente do ano.
Já há muito que deixei de ouvir as opiniões sobre livros, porque me parece que poucas pessoas pensam pela própria cabeça. Aposto que entre as opiniões dominantes também te aconselharam o "Admirável Mundo Novo" e "O Anticristo", certo?
Nunca li, sinceramente.
Finalmente vi a minha opinião deste livro reflectida em algum lado! Achei que ja nao houvesse esperança. xD Muito obrigada.
Hmm, querida Miss Murder,
Acho que é normal. Há duas alternativas: 1) sabemos que vivemos numa sociedade em que as pessoas tentam arduamente parecer cultas e inteligentes e sempre que lêem um livro que o NY Times, o Time Mag, a Vogue, entre outros, recomendou e deu ótimas críticas indicam-no a outros, com as palavras memorizadas de um crítico qualquer nova-iorquino, mas tudo bem traduzido para português; 2) os gostos dos outros são diferentes dos nossos, não temos que necessariamente gostar de uns sapatos Louboutin só porque as famosas todas usam (pessoalmente abomino esses sapatos, são só uns sapatos normais com uma sola vermelha...mas essa é só a minha opinião, que não tinha nada a ver com o assunto, as enfim).
Daí, eu parto do princípio que o que os outros lêem eu não tenho de ler. Exemplo: tenho aí o livro "A cidade e as serras" do Eça, mas até agora só li as primeiras 20 páginas; por mais que me digam que é fantástico e que devia ler, preferia mil vezes que me dessem o livro da Becky Bloom, lia-o em dois dias (como foi o caso de "Divorciada aos 10 anos"). Mas por admitir que prefiro ler o diário de alguém em vez de uma obra-prima de Eça não significa que seja menos inteligente, simplesmente tenho outros interesses. Gosto de bons livros, livros que me entretenham e que me façam esquecer a realidade por alguns momentos, por isso procuro evitar ler desgraças amorosas (já me bastam as novelas brasileiras).
Enfim (e já falei demais), essa história de ir pelos outros nunca resulta. É o mesmo que a música: imagina que alguém te recomendava uma música nova da Britney Spears, porque leu no NY Times que é o novo hit do Verão; comprarias um CD da Britney ou dos Strokes, só por estar no NY Times? Cada um tem o seu estilo musical, independentemente do novo hit, isso aplica-se nos outros tipos de gostos (pelo menos no meu caso).
Mia: Sabes onde reside o maior problema?
No facto das pessoas as vezes terem vergonha de dar a sua opinião por temerem a chacota. Eu quando não gosto não gosto, não vou dizer maravilhas de algo que achei uma seca daquelas.
Por exemplo achei o documentário do Saramago, o que querem levar aos Óscares, que nem o peixe espada, comprido e chato. E tenho plena noção de que muito boa gente que diz que o achou brilhante tem a mesma opinião que eu...
A única diferença é que eu não vejo qualquer propósito em mentir, não é o que os outros pensam sobre mim que me mete mais culta ou inteligente e não.
Dude, shut up! É um dos meus livros favoritos!
Mas se não gostaste não leias The Bell Jar, da Sylvia Plath.
O vídeo mais interessante que irás ver em toda a tua vida: http://www.youtube.com/watch?v=iWJeGeHKXWw&feature=relmfu .
Madalena Ventura
Anónimo: Provavelmente um dos...
Eu li o livro e sinceramente não achei nada de especial. Li-o pela mesma razão que tu, estão sempre a falar bem dele...
Não achei horrível mas sem duvida não correspondeu às minhas expectativas.
eu nem li, mesmo só o resumo do livro deixou a desejar.
Nunca li esse livro mas tb ouço falar mto bem. O título é fixe pelo menos eheh
"Helena disse...
é por estas e por outras que não leio um livro há anos." - Helena, não te conheço mas arrisco a dizer que se não lês um livro há anos é pq não gostas de ler, não é por mais nada, nem por estas nem por outras.
"numa sociedade em que as pessoas tentam arduamente parecer cultas e inteligentes e sempre que lêem um livro que o NY Times, o Time Mag, a Vogue, entre outros, recomendou e deu ótimas críticas indicam-no a outros" eheh eu quando estou a tentar arduamente parecer culta NUNCA recomendo livros de tops de revistas americanas - muito menos da Vogue, isso seria a chacota total no mundo intelectual.
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