quinta-feira, agosto 30

Da série: Eu não consigo acabar de ler isto

Há algum tempo decidi que iria ler todos os grandes clássicos da literatura, independentemente do tempo que levasse. Optei por não ler só aqueles que já fossem considerados bons livros, mas principalmente aqueles que os meus amigos e conhecidos me recomendassem como sendo realmente bons.
Nesta minha aventura, já tenho apanhado basicamente de tudo, e não sei como é que funciona com vocês, mas no meu caso quando o livro me parece mau logo nas primeiras páginas, dou o beneficio da dúvida e leio mesmo assim mais um capitulo ou dois, às vezes acabo inclusive por ler o livro todo à espera que a história melhore e ela não melhora. Mas regra geral, como já disse, dou sempre uma segunda oportunidade aos livros, especialmente porque há histórias que lemos melhor em determinadas alturas da nossa vida do que outras, por isso deixar um livro de lado para ser quando faça mais nexo, é um motivo válido.
Contudo há coisas que eu não faço a mínima ideia de como é que algum dia foram sequer publicadas, levando-me a criar a lista de:

- Livros que nos fazem pensar "Epah, eu não consigo ler esta merda"

E começamos logo por um "Clássico" de seu nome Lolita, escrito por um Russo tarado e pedófilo chamado Vladimir Nabokov.
Sério, comecei a ler aquilo ontem e desisti após as primeiras nem 15 páginas, com a minha maior cara de "What The Fuck?" depois do homem escrever algo como "Não entendo como é que a sociedade reprova um romance entre um adulto e uma rapariga de 12 anos, mas não com uma de 16".

Ora deixa lá ver, oh velho nojento, se calhar é porque a rapariga de 12 anos... é uma criança! Que provavelmente ainda brinca com bonecas, velho seboso.
Eu nem li mais, e nem quero saber a história, bastou-me meia dúzia de linhas sobre as "ninfitas" como o pedófilo rebarbado as define, raparigas fresquinhas dos 10 aos 14 que me chegou.

Soube posteriormente que o tal Vladimir morreu na prisão, não faço ideia porquê, mas há horas felizes.  
PS: Afinal é só a personagem que morre na prisão...

Pior livro de Sempre!

41 comentários:

marianósky disse...

o irritante desse livro é que chegas ao fim a odiar a loleeta e com pena dele.

Miss Murder disse...

Isabel: Claro. Porque pena de pedófilos, independentemente da história, é o que me dá mais. É de pedófilos e de violadores...

Bárbara Ferreira disse...

O Nabokov morreu de velho na Suíça, o Humbert Humbert (personagem fictícia, narrador do Lolita) é que morre na prisão. Gosto muito do livro, gosto muito do Nabokov, mas percebo.

S* disse...

O livro supostamente é um clássico mas dispenso ler merdas de pedofilia.

laura disse...

O Vladimir não morreu na prisão, quem morreu foi o Humbert - personagem. A história não fala do Vladimir, ele escreveu o livro, não entra nele. Ainda assim, o Humbert é um completo depravado com mania que vítima, concordo.

stantans disse...

eu gostei de ler o livro

catarinahatesyou disse...

Por acaso também tenho a ideia pendente de ler todos os clássicos e ia logo começar por esse xD

Dulcine disse...

O livro é muito bom, um dos melhores de todos os tempos, está em primeiro lugar na maioria das listas de melhores livros. Dê uma chance à ele, porque você está pensando como as pessoas pensavam no tempo que o livro foi lançado, e isso foi há muuuuuito tempo - por isso ele foi tão polêmico; imagine você, que ainda acredita que homossexualidade é doença, se deparar com um livro tão ~vergonhoso. O Nabokov é um escritos maravilhoso, e como disse uma pessoa ali de cima, no final você sente pena do H.H., não por conta de suas ações, mas por causa da escrita do Nabokov. De verdade, abra a cabeça, leia de mente aberta. Beijinhos do Brasil, adoro seu blog.

Anónimo disse...

Bolas! Estou a ver que o livro é mesmo mau...

marta, a menina do blog disse...

Também o deixei a meio, a maneira como ele descreve as coisas... não é natural, é doentia. Creio que seja mesmo esse o objectivo do autor, mas mesmo assim... brrrr!

anokas disse...

Eu li o livro já há algum tempo. É uma história um bocado rebuscada mas também é só um livro.

Anónimo disse...

Humm... acho que alguém se esqueceu que este livro se trata apenas de uma obra de ficção. Deixem-se de moralismos bacocos.

Imperatriz Sissi disse...

Concordo que Lolita não é um livro fácil, nem politicamente correcto. Mas aí é que está a genialidade: estamos a ver toda a história através das memórias de um homem, de um homem perturbado e obcecado. E acabamos por simpatizar com ele, mesmo condenando. A perspectiva da Lolita nunca nos é mostrada, porque a ideia do autor é que a vejamos como Humbert a vê - o sonho, o impossível, a recordação, a...ninfita, esse ser mitológico. Não sabemos o que ela pensa dele, temos direito a imaginar. Os "senhores e senhoras do júri" que ele tenta desesperadamente chamar para a sua causa somos nós. E a prosa, depois de nos habituarmos a ela, às suas desvairadas referências ( ter uma edição com notas do tradutor ajuda muito) é primorosa, rasgada, perfeita. Adoro como ele descreve as personagens com "pinceladas" e metáforas. Fosse Lolita uma mulher adulta, e este "ensaio sobre a obsessão" seria simplesmente um livro desesperadamente nostálgico, para fazer chorar. Assim...é complicado. Mas adoro.

Anónimo disse...

Também detesto o livro e detesto ainda mais os paizinhos que colocaram o nome de Lolita às filhas. Será que o sonho era que as suas meninas encontrassem um pedófilo nos seus caminhos???

Maria Inês disse...

Ultimamente esse livro tinha-me aparecido em montes de sitios e estava a pensar ler mas pelo que li aqui acho que o vou dispensar, por enquanto.

Anónimo disse...

Como escreves-te, também costumo dar uma segunda (e terceira e quarta.. etc) oportunidade aos livros, e por muito mau que o esteja a achar, tento sempre acabar de ler, por uma razão: quando digo mal de algum livro gosto de ter plena razão do que digo (com conhecimento de causa, isto é).
Admiro-me de dizeres que é "o pior livro de sempre" quando apenas leste 15 páginas.

Mas claro, a Miss Murder sabe mais do que muitos críticos de literatura ao longo dos últimos 50 anos, or so :)

Catarina disse...

É um dos que quero ler!

Miss Murder disse...

Oh Anónimo, vamos lá entender algo, eu não como do que não gosto isto é ponto assente da minha personalidade.
Se estou a começar a ler algo e se não gosto, não leio. Continuar a ler tal coisa, seria para mim, o equivalente a estar a comer uma taça de favas e a reclamar a cada colherada. Há excepções, claro, mas não creio que a paixão ardente entre um velho seboso e uma criança me venha a fazer qualquer sentido no futuro e me dê gosto na leitura.

E sim classifico como o pior livro de sempre, faço-o porque posso, e faço-o porque neste espaço dou a minha opinião e não a de outros.

O mal de muita gente é esse, baseiam-se no que já foi escrito por outros e depois comem as favas de boca cheia odiando cada colherada, mas pior que isso, a fingir que gostam.

(:

$hort disse...

E porque foste pegar logo neste livro? Apesar de nunca ter lido este livro, nem nada deste autor, creio que a abordagem que aqui fizestes é simplista, preconceituosa e castradora, digna de um Correio da Manhã, em contrapartida a caixa de comentários está cheia de opiniões com valor... A experiência humana é tão rica e multifacetada... É quase como rejeitar Saramago por causa do seu pensamento politico. É escolher o caminho mais fácil. O Nabokov nunca foi perseguido pelo seu livro, o homem até era coleccionador de lepidopteros! Porque não a Madame Bovary para próxima leitura? Foi um livro realmente controverso para a sociedade da época e que trouxe ao seu autor grandes problemas com a opinião e administração pública ou O Retrato de Dorian Gray, este levou mesmo o seu autor a cumprir pena de prisão. Não acredito que alinhes com os juízes destes autores.

Rita Sousa disse...

Faço minhas as palavras da Imperatriz Sissi. No início eu também achava o livro doentio, mas acabou por se tornar um dos meus preferidos, a par com O Monte dos Vendavais. Embora completamente diferentes, são ambos histórias que não obedecem aos padrões da sociedade e que nos fazem pensar. Lolita é um dos livros com o género de prosa mais bonito, que deixa o leitor envolvido. Recomendo-te a dares mais uma oportunidade :)

Miss Murder disse...

Short: Lamento, obra de ficção ou não achei o livro asqueroso e li muito pouco.
Se a minha opinião é com base no preconceito?
Foudasse!!
Ele apreciava crianças. Ele descreve as criancinhas como se fossem sexualmente apetecíveis. Tenho uma sobrinha com 10 anos, e eu sei como ela é, e sei as mazelas que poderiam ser criadas naquela cabeça com algum velho seboso que metesse na cabeça que a beleza do amor é as nifitas ou o caralho.
É a minha opinião. Sou muito mente aberta para todo o tipo de coisas. Estas não.

RBM disse...

Mas uma coisa é não gostares da obra porque te faz impressão e o tema te repugna, coisa que estás no teu direito. Outra é dizeres que o "russo" é tarado e pedófilo por causa de uma personagem que escreveu. Isso sim, desculpa lá, está muito além do mero preconceito.

$hort disse...

É só um livro. Quando te referes a ele, no teu comentário, falas no H.H. ou no Nabokov? Esta é a questão. Confundes o particular com o geral, a obra com a realidade. Não me horroriza mais a pedofilia do que os factos que levavam Dostoiévski a questionar-se se tudo é permitido, nos Irmãos Karamazov? Mais importante ainda, qual o próximo livro da tua lista?
P.S.: I <3 it, when you talk dirty!
P.S.2: A Julietta do Shakespeare tem 13 anos...

Nancy Wilde disse...

Eu adorei o livro, mas adorei ainda mais o filme, por causa do Jeremy Irons a fazer de HH! O filme foi adaptado de forma a Lolita ter 14 ou 15 anos e não os 12 anos da obra original... Viste o filme?! Gostaste?

É que dá-me a ideia que ele está realmente apaixonado pela Lolita, e tudo isto devido à circunstância da sua infância que foi a Annabel, o seu primeiro grande amor, ter morrido precocemente... Ele levou a vida toda à procura de uma "substituta" dessa rapariga jovem, como se tivesse congelado nele aquele teenage love... Pelo menos é isso que é utilizado para justificar o seu amor/obsessão pela Dolores Haze aka Lolita... Se não fosse ela, talvez fosse outra.

Eu achei a história algo trágica, com ambos os protagonistas a tirarem partido um do outro, culminando numa degradação moral. Ao fim de contas, e desculpa o spoiler, a miudinha acaba por fugir com outro pedófilo (que a queria enfiar na indústria porno da altura), para desespero e heartbreak do Humbert Humbert, que só a volta a ver quando esta está prenha e gasta aos 17 anos, e a morar com outro gajo, desta feita um jovem homem meio surdo por causa da WWII. Claro que Humbert ainda ama e deseja, mas ela está noutra e apenas quer dele dinheiro. E ele continua a ver nela aquele ideal de miudinha que sente que perdeu e nunca mais reencontrará... É triste. Ou sou louca? LOL*

Já agora, adoro o teu blog. Just followed!

D. disse...

Não li mas tinha curiosidade em ler so para ver os argumentos que ele usa.

Miss Murder disse...

Short: Não compares Os Irmãos Karamazov com a Lolita, sério, não há qualquer comparação.
E o Romeu tinha que idade, 40?

Xana disse...

Adorei a tua sinceridade. Sigo.


http://alexumpoucomaisde.blogspot.pt/

$hort disse...

What ’s in a name? That which we call a rose
By any other name would smell as sweet.

emília pam disse...

Nunca li o livro, mas o filme (que vi há uns quantos anos) achei-o detestável.

O perfume (livro), também entra nesses do "WTF?".

*

Carolina Louback disse...

Há pouquíssimo tempo eu descobri que o bisavô do meu pai, que veio da Suiça para o Brasil com 18 anos casou-se com uma menina de 12 anos. Fiquei abismada, mas antigamente logo que as meninas menstruavam elas podiam casar, e eram autorizadas para se casar pelo próprio pai, que inclusive era quem arrumava o casório. Pois é... isto faz parte da minha história.

Citrina disse...

Nancy Wilde: muito obrigada pelo spoiler! o pessoal que queria ler (eu), apreciou bastante (not)!

Isabel disse...

Isto é um típico "erro de principiante": o livro é um romance ficcionado; assumir que a personagem representa tudo o que o escritor é está errado e é preconceituoso.

Anónimo disse...

Uma coisa que não tem nada a ver: já conheces o blog 'bimba without the lola?'epa, a sério, merece ser lido.Por acaso acho que davas uma óptima colaboradora ahahahah

Ana disse...

Isto é o mesmo que dizer que não se gosta de Eça de Queiroz por Os Maias conterem ideias machistas... Felizmente já pessoas com 2 dedos de testa comentaram antes de mim.
Ah e é melhor não ler Miller, de Sade e uma data de outros, a pensar assim seria perca de tempo.

A Mais Picante disse...

Nabokov é um escritor potentíssimo. e Lolita é talvez uma das suas melhores obras, a par de Crime e castigo. A questºao aqui não é o tema, é a maneira como ele escreve e constrói personagens. Podemos não gostar delas, mas não podemos negar que elas são ricas, complexas e quase reais. E não é que no fim acabamos a simpatizar com Humbert? Não há maior elogio ao escritor que isto. Tente outra vez. O livro é qualquer coisa de maravilhoso, um verdadeiro tratado de psicologia.

Lois Lane disse...

Não é uma obra fácil, mas por isso mesmo é tão genial. Continua a ser uma das minhas favoritas.

Camila disse...

Para além de tudo o que já disseram acima, a frase que referiste tem todo o sentido! Um adulto andar com uma miuda de 16 anos é tao mau como com uma de 12, logo se a sociedade reprova as de 12 também deveria reprovar as de 16.

Teresa disse...

''Nabokov é um escritor potentíssimo. e Lolita é talvez uma das suas melhores obras, a par de Crime e castigo'' LOL

Anónimo disse...


Um post tão simples que deu origem a comentários tão interessantes. Isto sim, vale a pena. Óptima troca de ideias.

$hort disse...

IMO The best comment in this thread

Tamborim Zim disse...

Bom, será q vale a pena moralizar a arte?